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Anotações canalhas desta manhã

assemblage / técnica mista
2019



obra em exibição
ArtRio 2019 / Periscópio Arte Contemporânea
fotografias por Pat Kilgore e Victor Galvão


Um conjunto de assemblages construídas com objetos domésticos, materiais ordinários, retalhos, elementos deslocados de seus usos convencionais. Composições abstratas, cujo sentido de leitura se abre a partir do título que nomeia cada uma, buscam negociar na dureza desses dias um diálogo possível entre o horror do que chega diariamente pelos noticiários e o desejo de encontrar alegria em breves comentários irônicos sobre a vida comum.




Plano de Governo: a Google Earth view
tecido, couro, plástico, tinta, grafite, lã, bordado e corda sobre trama plástica
180 x 200 cm




Panelaço
painel luminoso, tecido, plástico, couro, corda, utencílios domésticos,massa asfáltica, tinta acrílica e bordado sobre trama plástica e cobertor
180 x 200 cm



Aedes aegypti
tecido, plástico, couro, ratoeira, tinta, metal e corda sobre poliéster
140 x 240 cm



Macunaíma
tecido, couro e corda sobre tapete
60 x 85 cm



Guarapari
plástico, corda, miçanga, ratoeira, tinta e chumbo sobre trama plástica
80 x 90 cm



Leme
couro, corda, linha e chumbo sobre trama plástica
100 x 120 cm



Boa Viagem
tecido, couro, corda e fio elétrico sobre trama plástica
70 x 130 cm





“Caros cidadãos de bens,
Fica combinado que daqui em diante ninguém dormirá tranquilo e mesmo nossos sonhos, se houverem, serão turbulentos e graves.
Garantimos de nossa parte o mais absoluto descompromisso com a esperança, essa grande traidora, já que temos a fome dos bichos do deserto e nosso tempo será sempre agora, agora, agora.
Nesses dias intranquilos, o desejo e a irreverência serão nossas principais estratégias de combate e com nossas bocas grandes cuspiremos lâminas e beijos de lingua a quem quiser, a quem vier.Ainda sobre o desejo, escavaremos na secura desses nossos dias já tão desmaiados as mais bonitas e exuberantes manifestações de vida, e a alegria, ainda que sonsa, surgirá como heroína de onde menos se espera.
Sabemos que morrer é fácil, mas não temos pressa. Tampouco tempos onde cair mortos, já que o cansaço é um luxo para o qual não temos tempo.
Certamente cairemos ao longo, do caminho, mas em cada queda causaremos transtorno e sujeira manchando de sangue o tráfego e a normalidade da vida comum. A despeito de todos os medos, nossos sonhos crescerão proporcionalmente à medida de nossa disponibilidade para a luta e o amor. Em nossa cama sempre caberá mais um.”

por Randolpho Lamonier